Em 1692, na vila de Salem, na colônia de Massachusetts (hoje Estados Unidos), surpreendentemente ocorreu um dos episódios mais infames de histeria coletiva: os julgamentos das bruxas de Salem. Esses eventos resultaram na execução de 20 pessoas e na prisão de mais de 200, por consequência marcando profundamente a história americana.
O Contexto
No final do século XVII, Salem era uma pequena comunidade puritana rigidamente religiosa. A vida era marcada por crenças espirituais profundas, restrições sociais e medo constante de ameaças externas, principalmente como os ataques de indígenas e doenças. Esse cenário fértil para o pânico coletivo foi agravado por rivalidades entre famílias locais e disputas de terra.
O Início da Histeria
Em janeiro de 1692, duas meninas, Betty Parris (9 anos) e sua prima Abigail Williams (11 anos), começaram a apresentar comportamentos estranhos: convulsões, gritos e gestos incomuns. O médico local, ainda assim sem explicação científica, declarou que elas estavam sob influência do diabo. Logo após outras meninas na comunidade começaram a exibir sintomas semelhantes.
Sob pressão, as meninas acusaram três mulheres de serem responsáveis:
- Tituba, uma escravizada caribenha que trabalhava na casa do reverendo Samuel Parris;
- Sarah Good, uma mendiga;
- Sarah Osborne, uma idosa que raramente frequentava a igreja.
Tituba confessou sob tortura, assim alimentando as suspeitas de bruxaria e ampliando o pânico.
Os Julgamentos
Os julgamentos começaram em março de 1692 e conduzidos por uma corte especial criada pelo governador William Phips.
Os métodos de prova baseados em “evidências espectrais”, assim sendo depoimentos de vítimas que afirmavam ter sido atacadas pelos espíritos das acusadas. Uma prática controversa, pois não exigia provas físicas.
Algumas figuras notáveis incluídas nos julgamentos foram:
- Rebecca Nurse, uma respeitada idosa, executada apesar de um primeiro veredito de inocência;
- Giles Corey, um homem de 81 anos, recusou-se a declarar-se culpado, então as autoridades o torturaram até a morte por esmagamento com pedras;
- Bridget Bishop, a primeira pessoa condenada e enforcada em 10 de junho de 1692.
Ao todo, enforcaram 19 pessoas e uma torturada até a morte. Mais de 200 pessoas acusadas, muitas das quais passaram meses em condições deploráveis na prisão.
O Fim da Histeria
No final de 1692, o governador Phips dissolveu a corte especial e proibiu o uso de evidências espectrais. Em 1693, os julgamentos cessaram completamente, por fim, os acusados restantes libertados.
Em 1702, o tribunal que presidiu os julgamentos declarado ilegal, em seguida em 1711, o governo de Massachusetts ofereceu compensações financeiras às famílias das vítimas. Apesar disso, a ferida social causada pelos eventos persistiu por gerações.
Legado
Os julgamentos das bruxas de Salem continuam como símbolo do perigo de julgamentos baseados em medo, preconceito e falta de provas sólidas. Hoje, Salem é um local turístico que celebra sua história, com museus e eventos dedicados a refletir sobre essa sombria lição da humanidade.
Frase para Reflexão
“Aqueles que não conseguem se lembrar do passado estão condenados a repeti-lo.” — George Santayana
Links:
Salem Witch Museum